Escalar praias ancestrais!

GeoAventura na Barragem de Santa Luzia, 2020

Foi num dia frio mas ensolarado de Janeiro, que decidimos subir a via ferrata da Barragem de Santa Luzia, perto da Pampilhosa da Serra. Nos fins de semana não é difícil encontrar alguém a escalar as vias do lado norte (foto abaixo). Mas neste dia estávamos sozinhos! Sozinhos nesta incrível parede com uma incrível história geológica.

Para simplificar, as rochas aqui expostas são de idade Ordoviciana (Arenigiana a Llandeiliana), ou seja, foram depositadas entre 485 a 458 milhões de anos (Ma) atrás, durante a primeira parte (Inferior) da Era Paleozóica. Nessa altura esta região era caracterizada por ambientes arenosos a argiloso de praia e plataforma continental. De fato, durante o Ordoviciano Inferior ao Médio, grande parte da Europa Central, Península Ibérica e Norte da África e América partilhavam estes mesmos ambientes. Foi neste mares que as trilobites viveram, e onde hoje é possível encontrar os seus vestígios fósseis (icnofósseis da Cruziana. Este sedimentos foram subterrados, aquecidos, compactados e desidratados, tendo sido transformados em sendo transformados em arenitos e argilitos. Mais tarde, durante um processo de construção de montanha chamado orogenia Varisca/Herciniana, no final da Era Paleozóica, os arenitos e argilitos foram ainda mais enterrados e dobrados ao mesmo tempo. Isto levou a metamorfismo, ou seja, mudanças na composição e estrutura da rocha por pressão e temperatura, que transformaram os sedimentos originais de praia e plataforma em quartzitos e xistos. Hoje as unidades rochosas, como os quartzitos da foto, estão inclinadas proximo da vertical e falhados. Desde então até os dias de hoje, as sequências de xistos mais brandos foram erodidas mais facilmente do que as unidades de quartzitos mais rígidos, levando ao que se denomina de erosão diferencial. Assim se explica a origem do afloramento da barragem de Santa Luzia.

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